20 research outputs found

    Em busca de dragões: Mariza Peirano e a arte de ensinar antropologia

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    “Nada somos, professores, sem nossos alunos.”M. P. Cheguei à hora combinada. Não precisei bater, pois a porta da sala estava, como sempre, aberta. As palavras exatas, assim como a data do encontro, perderam-se na memória. Não há, porém, como esquecer o ano, 1989, nem o diálogo curto — a concisão é uma virtude cultivada nos gestos, na escrita e na fala de minha interlocutora. Para mim, aquele foi um bom encontro, um encontro decisivo que mudaria o rumo da minha os daqueles anos de redemocratiz..

    Em busca de dragões: Mariza Peirano e a arte de ensinar antropologia

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    Cheguei à hora combinada. Não precisei bater, pois a porta da sala estava, como sempre, aberta. As palavras exatas, assim como a data do encontro, perderam-se na memória. Não há, porém, como esquecer o ano, 1989, nem o diálogo curto ”” a concisão é uma virtude cultivada nos gestos, na escrita e na fala de minha interlocutora. Para mim, aquele foi um bom encontro, um encontro decisivo que mudaria o rumo da minha os daqueles anos de redemocratização: eu queria entender os fundamentos teóricos e os condicionantes sociais da vertente autoritária do pensamento social brasileiro do início do século XX, e assim investigar supostas articulações com a história recente do país recém-saído do regime militar. O pensamento autoritário parece formar uma espécie de matriz de sentimentos, ideias, atitudes e práticas imemoriais que, infelizmente, reverberam renovados no solo social e moral do Brasil no alvorecer do novo milênio. Naquele encontro, porém, recebi um convite à etnografia e, com o apoio que o acompanhou, senti-me encorajada a desafiar a timidez escondida no gosto que então sustentava pelo estudo teórico: saí à busca dos dragões escondidos na experiência de campo.1 Aos iniciantes da antropologia, a lição é repetida: é preciso “examinar dragões” (Peirano, 1992b, 2006b), ou seja, buscar o “sentido de surpresa”2 invariavelmente trazido pela pesquisa (Peirano, 1995c:136)

    KUSCHNIR, Karina. 2000. O Cotidiano da Política

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    Resenha de O Cotidiano da Política, de Karina Kuschnir, publicado em 2000

    A face anônima da democracia moderna.

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    Em tempos de inegável perplexidade com o avanço e intensificação de variadas formas de violência, o mais recente livro de Stanley Jeyaraja Tambiah, tratando de um tema próximo em países distantes, deve atrair a atenção para um autor relativamente pouco conhecido entre nós1. Nascido no antigo Ceilão, atual Sri Lanka, desde 1976, Tambiah é professor na Universidade de Harvard, tendo lecionado anteriormente na Universidade de Chicago. Autor de extensa obra, cujo espectro temático estende-se da religião à política, passando pelos rituais, o interesse de Tambiah detém-se, de modo especial, na investigação das imbricações desses campos. Na melhor tradição antropológica, seus trabalhos aliam um profundo mergulho nos detalhes variados e contextuais dos episódios concretos da vida social à interpretação sociológica de longo alcance, ancorada em sólido investimento comparativo. Essa é, sem dúvida, a principal qualidade de seu último livro, Leveling Crowds: Ethnonationalist conflicts and collective violence in South Asia

    Um Brasil para todos os brasileiros. Homenagem aos vinte anos da Marcha Nacional dos Sem-Terra

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    O ensaio consiste na memória de importante evento político do período recente do país, a Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça, protagonizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/MST, em 1997. Numa caminhada de dois meses, os trabalhadores rurais sem-terra lograram galvanizar a opinião pública nacional e problematizar importantes temas da cidadania, como o direito à terra, ao emprego, à justiça e à vida, colocando em questão a desigualdade social e o modelo de desenvolvimento do país. A apresentação fotográfica e textual focaliza o dia a dia dessa experiência social ímpar, buscando ressaltar as dimensões sensoriais e emocionais do fenômeno de multidão que foi a Marcha Nacional

    A face anônima da democracia moderna

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    Em tempos de inegável perplexidade com o avanço e intensificação de variadas formas de violência, o mais recente livro de Stanley Jeyaraja Tambiah, tratando de um tema próximo em países distantes, deve atrair a atenção para um autor relativamente pouco conhecido entre nós1. Nascido no antigo Ceilão, atual Sri Lanka, desde 1976, Tambiah é professor na Universidade de Harvard, tendo lecionado anteriormente na Universidade de Chicago. Autor de extensa obra, cujo espectro temático estende-se da religião à política, passando pelos rituais, o interesse de Tambiah detém-se, de modo especial, na investigação das imbricações desses campos. Na melhor tradição antropológica, seus trabalhos aliam um profundo mergulho nos detalhes variados e contextuáis dos episódios concretos da vida social à interpretação sociológica de longo alcance, ancorada em sólido investimento comparativo. Essa é, sem dúvida, a principal qualidade de seu último livro, Leveling Crowds: Ethnonationalist conflicts and collective violence in South Asia

    Em busca de dragões: Mariza Peirano e a arte de ensinar antropologia

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    Cheguei à hora combinada. Não precisei bater, pois a porta da sala estava, como sempre, aberta. As palavras exatas, assim como a data do encontro, perderam-se na memória. Não há, porém, como esquecer o ano, 1989, nem o diálogo curto — a concisão é uma virtude cultivada nos gestos, na escrita e na fala de minha interlocutora. Para mim, aquele foi um bom encontro, um encontro decisivo que mudaria o rumo da minha os daqueles anos de redemocratização: eu queria entender os fundamentos teóricos e os condicionantes sociais da vertente autoritária do pensamento social brasileiro do início do século XX, e assim investigar supostas articulações com a história recente do país recém-saído do regime militar. O pensamento autoritário parece formar uma espécie de matriz de sentimentos, ideias, atitudes e práticas imemoriais que, infelizmente, reverberam renovados no solo social e moral do Brasil no alvorecer do novo milênio. Naquele encontro, porém, recebi um convite à etnografia e, com o apoio que o acompanhou, senti-me encorajada a desafiar a timidez escondida no gosto que então sustentava pelo estudo teórico: saí à busca dos dragões escondidos na experiência de campo.1 Aos iniciantes da antropologia, a lição é repetida: é preciso “examinar dragões” (Peirano, 1992b, 2006b), ou seja, buscar o “sentido de surpresa”2 invariavelmente trazido pela pesquisa (Peirano, 1995c:136)

    Antropologia da política: tramas e urdiduras de um novo campo de pesquisa

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    A partir da leitura de etnografías recentes, este artigo examina a produção do campo de pesquisa abrigado sob o título de Antropologia da política. Após breve delineamento das condições teóricas e sociais, que ensejaram a constituição desse campo de pesquisa no Brasil, bem como da perspectiva teórica que o orienta, o texto faz um levantamento dos principais temas e questões que têm atraído o interesse dos pesquisadores. Ao apontar algumas contribuições até aqui alcançadas, procura sugerir, também, âmbitos ou temas ainda inexplorados para, finalmente, indicar a cautela necessária ao estudo da política na nossa sociedade

    Como funciona a democracia: uma teoria etnográfica da política

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